Duas da manhã, o telemóvel vibrou três vezes.

“Mano, 800 paus para jogar nisto, não é estar à espera de ser rapado?” Do outro lado do ecrã, o Xiao Yu estava tão aflito que até a pontuação baralhou.

Acendi um cigarro e respondi-lhe: “O que te falta agora não é mais ou menos dinheiro, é saber sobreviver. Nesta área, dos que saem de maca, nove em cada dez são totós que não percebem as regras e vão a correr de cabeça.”

Ontem, meio ano depois, este gajo mandou-me uma imagem — saldo da conta: 49200. Melhor ainda foi a nota: zero liquidações, tudo limpo.

Hoje vou desmontar este “Manual de Sobrevivência para Cautelosos”. Aviso já: se achares que isto é “demasiado cobarde e pouco emocionante”, faz o favor de sair — naquele mercado, quem brinca aos malabarismos já tem a campa com erva a três palmos. Os que sobrevivem e contam dinheiro são sempre os que parecem mais medrosos.

**Como é que dinheiro pequeno sobrevive? Só há uma palavra: poupar**

Já vi demasiadas mortes estúpidas de novatos. Na semana passada, uma rapariga juntou 2000 euros para dar a volta à vida, meteu tudo num “token com potencial de 100x”, quatro horas depois a conta tinha uns trocos. Veio chorar para mim e eu só pude encolher os ombros — se gastas as balas todas de uma vez, ninguém te pode salvar.

Com os 800 euros do Xiao Yu, mandei-o escrever o valor num post-it e colar ao lado do monitor. O dinheiro divide-se em três partes:

**Conta principal 300**: Só mexer em moedas principais que toda a gente conhece, nem tocar naquelas altcoins com nomes esquisitos. Sobe 3%? Fecha logo a posição, nada de “esperar mais um bocado”. Pode ser pouco, mas todos os dias a juntar faz diferença.

**Conta de emboscada 250**: Só para grandes eventos. Notícias certas, como regulamentos oficiais ou grandes atualizações de protocolos — entra-se três dias antes e sai-se passado cinco.

**Conta de sobrevivência 250**: Este dinheiro faz de conta que não existe. Serve para esperar por