O mercado de Bitcoin está atualmente a passar por um verdadeiro teste de stress, e a fonte dessa pressão vem do outro lado do Pacífico — o Banco Central do Japão pode estar prestes a aumentar as taxas de juro.

Os números não mentem: o BTC caiu do máximo de 104.000 dólares para oscilar entre 86.000 e 88.000 dólares, uma queda superior a 18%. E isto nem foi o pior; se olharmos para julho de 2024, quando o Japão aumentou as taxas de juro pela primeira vez, o Bitcoin desabou 23% num único dia, arrastando consigo todo o mercado cripto para uma verdadeira razia.

Mas porque é que um aumento das taxas no Japão faz o Bitcoin tremer tanto?

No fundo, é porque o fluxo de dinheiro muda de direção. Com o Japão a subir as taxas, o capital naturalmente regressa ao país — afinal, quem não quer retornos mais estáveis? O apetite dos investidores por ativos de alto risco diminui. Ainda mais crítico é a onda de encerramento de posições de arbitragem com o iene — durante anos, muitos apostaram no Bitcoin com dinheiro barato do iene; agora que as taxas sobem, essas posições alavancadas têm de ser fechadas rapidamente para pagar dívidas, tornando a liquidez repentinamente escassa.

Numa perspetiva mais ampla, o Japão é uma das principais economias mundiais, e uma alteração na sua política monetária tem impacto global. Os rendimentos da dívida pública dos EUA e o comportamento do dólar também são afetados, e a liquidez em todo o mercado fica mais apertada. Embora o Bitcoin seja apelidado de "ouro digital", na verdade, num ambiente de aperto de liquidez, a sua elevada volatilidade só faz com que muitos prefiram sair primeiro.

O mercado já entrou em contagem decrescente. A reunião de política monetária marcada para 19 de dezembro pode ser mais um ponto de viragem. Para quem detém criptomoedas, prepare-se psicologicamente — uma nova vaga de volatilidade pode estar mesmo ao virar da esquina.