Nota do editor: Nesta semana, a a16z publicou suas “grandes ideias” anuais, reunindo insights dos sócios das equipes de Apps, American Dynamism, Bio, Crypto, Growth, Infra e Speedrun neste link. A seguir, confira 17 observações de sócios da a16z crypto (com participações de convidados) sobre o que está por vir — abordando agentes e IA; stablecoins, tokenização e finanças; privacidade e segurança; mercados de previsão, SNARKs e outras aplicações… e os caminhos para construir o futuro.
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Stablecoins movimentaram um volume estimado de US$46 trilhões em transações no último ano, atingindo sucessivos recordes históricos. Para efeito de comparação, esse valor representa mais de 20 vezes o volume do PayPal; quase 3 vezes o volume da Visa (uma das maiores redes de pagamentos do mundo); e está rapidamente se aproximando do volume da ACH, a rede eletrônica para transações financeiras, como depósitos diretos, nos Estados Unidos.
Hoje, é possível transferir uma stablecoin em menos de um segundo por menos de um centavo. O desafio que permanece, no entanto, é conectar esses dólares digitais aos sistemas financeiros já utilizados pelas pessoas todos os dias — ou seja, criar on/offramps para stablecoins.
Uma nova geração de startups está solucionando esse gap, conectando stablecoins a sistemas de pagamento tradicionais e moedas locais. Algumas utilizam provas criptográficas para permitir trocas privadas entre saldos locais e dólares digitais. Outras integram redes regionais que utilizam QR Codes, pagamentos em tempo real e outros recursos para habilitar transferências entre bancos… Enquanto outras desenvolvem camadas globais de wallets interoperáveis e plataformas de emissão de cartões que permitem gastar stablecoins em estabelecimentos do cotidiano. Essas soluções ampliam o acesso à economia do dólar digital — e podem acelerar o uso das stablecoins como meio de pagamento mainstream.
À medida que esses on/offramps amadurecem, com dólares digitais integrados diretamente a sistemas de pagamento locais e ferramentas de comércio, novos comportamentos vão surgir. Trabalhadores poderão receber em tempo real, cruzando fronteiras. Comerciantes poderão aceitar dólares globais sem precisar de conta bancária. Aplicativos poderão liquidar valores instantaneamente com usuários em qualquer lugar. As stablecoins deixarão de ser uma ferramenta financeira de nicho para se tornarem a camada fundamental de liquidação da internet.
~Jeremy Zhang, equipe de engenharia da a16z crypto
Bancos, fintechs e gestores de ativos estão cada vez mais interessados em trazer ações dos EUA, commodities, índices e outros ativos tradicionais para o universo onchain. Quando esses ativos chegam à blockchain, a tokenização costuma ser uma réplica do modelo tradicional — sem aproveitar os diferenciais nativos do cripto.
Por outro lado, representações sintéticas como futuros perpétuos (perps) viabilizam liquidez mais profunda e são mais simples de implementar. Perps também oferecem alavancagem de fácil compreensão, tornando-se o derivativo cripto-nativo com maior aderência de mercado. Vejo as ações de mercados emergentes como uma das classes de ativos mais interessantes para “perpificação”. (O mercado de opções 0DTE — zero dias para expiração — de algumas ações negocia com liquidez superior ao mercado à vista, sendo um experimento promissor para perpificação.)
No fim, a questão é “perpificação vs. tokenização”; mas, de todo modo, veremos mais tokenização cripto-nativa de ativos reais ao longo do próximo ano.
De forma semelhante, em 2026 veremos mais “originação, não apenas tokenização” no universo das stablecoins, que se consolidaram em 2025; a emissão em circulação segue crescendo.
Porém, stablecoins sem infraestrutura de crédito robusta se assemelham a bancos estreitos, que detêm ativos líquidos específicos considerados ultra-seguros. Embora o modelo narrow banking seja legítimo, não acredito que será a base da economia onchain a longo prazo.
Já observamos novos gestores, curadores e protocolos facilitando empréstimos lastreados em ativos onchain contra garantias offchain. Frequentemente, esses empréstimos são originados fora da blockchain e depois tokenizados. Vejo poucos benefícios na tokenização nesse caso, exceto talvez para distribuição a usuários já onchain. Por isso, ativos de dívida devem ser originados diretamente na blockchain, não fora dela para posterior tokenização. Originação onchain reduz custos de administração, estruturação e aumenta a acessibilidade. O desafio será a conformidade regulatória e a padronização, mas os builders já estão trabalhando nessas soluções.
~Guy Wuollet, sócio geral da a16z crypto
A maioria dos bancos opera softwares que são pouco reconhecíveis para desenvolvedores atuais: Nos anos 1960 e 1970, bancos foram pioneiros em sistemas de software robustos. A segunda geração de sistemas bancários surgiu nos anos 1980 e 1990 (como Temenos GLOBUS e InfoSys Finacle). Mas esses softwares envelheceram e vêm sendo atualizados lentamente. Assim, o setor bancário — especialmente os ledgers críticos, bancos de dados que rastreiam depósitos, garantias e obrigações — ainda roda em mainframes, programados em COBOL, com interfaces de arquivos em lote em vez de APIs.
A maior parte dos ativos globais está nesses mesmos ledgers centrais, com décadas de existência. Embora confiáveis para reguladores e integrados a cenários bancários complexos, esses sistemas também travam a inovação. Adicionar funcionalidades como pagamentos em tempo real (RTP) pode levar meses ou anos, exigindo superar dívidas técnicas e complexidade regulatória.
É aí que entram as stablecoins. Não apenas nos últimos anos as stablecoins encontraram aderência de mercado e se tornaram mainstream, mas neste ano, instituições TradFi adotaram-nas em novo patamar. Stablecoins, depósitos tokenizados, títulos tokenizados e bonds onchain permitem que bancos, fintechs e instituições financeiras criem novos produtos e atendam novos clientes. Mais importante, podem inovar sem reescrever sistemas legados — que, embora antigos, são confiáveis há décadas. Stablecoins oferecem uma nova via para inovação institucional.
~Sam Broner
Com a chegada massiva de agentes e mais transações comerciais acontecendo automaticamente em segundo plano — e não por cliques do usuário — a forma como o dinheiro circula precisa mudar.
Num cenário onde sistemas agem por intenção em vez de instruções passo a passo — movimentando dinheiro porque um agente de IA identificou uma necessidade, cumpriu uma obrigação ou disparou um resultado — o valor precisa viajar tão rápido e livre quanto a informação hoje. É aí que blockchains, smart contracts e novos protocolos entram em cena.
Um smart contract já pode liquidar um pagamento em dólar globalmente em segundos. Mas, em 2026, primitivos emergentes como x402 tornam essa liquidação programável e reativa: agentes pagando uns aos outros por dados, tempo de GPU ou chamadas de API instantaneamente e sem permissão — sem faturas, reconciliação ou processamento em lote. Desenvolvedores lançando atualizações de software já embarcadas com regras de pagamento, limites e trilhas de auditoria — sem integração com fiat, onboarding de comerciantes ou bancos. Mercados de previsão que se liquidam em tempo real conforme eventos acontecem — com odds atualizando, agentes negociando e pagamentos sendo liquidados globalmente em segundos… sem custodiante ou exchange.
Quando o valor pode circular dessa forma, o “fluxo de pagamento” deixa de ser uma camada operacional separada e passa a ser comportamento da rede: bancos tornam-se parte da infraestrutura básica da internet, ativos viram infraestrutura. Se o dinheiro vira um pacote que a internet pode rotear, ela não apenas sustenta o sistema financeiro… ela se torna o próprio sistema financeiro.
~Christian Crowley e Pyrs Carvolth, equipe de go-to-market da a16z crypto
Serviços personalizados de gestão de patrimônio eram tradicionalmente exclusivos para clientes de alta renda nos bancos: é caro e complexo oferecer aconselhamento sob medida e personalizar uma carteira entre classes de ativos. Mas, com a tokenização de mais ativos, trilhos cripto permitem executar e rebalancear estratégias personalizadas — com recomendações de IA e copilotos — instantaneamente e a baixo custo.
Isso vai além dos robo advisors; todos podem acessar gestão ativa de portfólio, não apenas gestão passiva. Em 2025, o TradFi aumentou a alocação de portfólio em cripto (diretamente ou via ETPs), mas foi só o começo; em 2026, veremos plataformas voltadas para “acumulação de patrimônio” — não só “preservação de patrimônio” — à medida que fintechs (como Revolut e Robinhood) e exchanges centralizadas (como Coinbase) usam sua vantagem tecnológica para conquistar mais esse mercado.
Enquanto isso, ferramentas DeFi como Morpho Vaults alocam automaticamente ativos em mercados de empréstimo com melhor retorno ajustado ao risco — compondo uma alocação central geradora de yield em uma carteira. Manter saldos líquidos restantes em stablecoins em vez de fiat, e em fundos de mercado monetário tokenizados em vez dos fundos tradicionais, amplia as possibilidades de yield adicional.
Por fim, investidores de varejo agora têm acesso facilitado a ativos privados mais ilíquidos, como crédito privado, empresas pré-IPO e private equity, já que a tokenização ajuda a destravar esses mercados mantendo conformidade e requisitos de reporte. À medida que os componentes de uma carteira equilibrada são tokenizados (movendo-se na escala de risco de bonds para ações, privates e alternativos), podem ser rebalanceados automaticamente sem transferências bancárias e outras burocracias.
~Maggie Hsu, equipe de go-to-market da a16z crypto
O gargalo para a economia de agentes está mudando de inteligência para identidade.
No setor financeiro, identidades não humanas já superam funcionários humanos numa proporção de 96 para 1 — mas essas identidades seguem invisíveis e fora do sistema bancário. O primitivo crítico aqui é o KYA: Know Your Agent.
Assim como humanos precisam de scores de crédito para obter empréstimos, agentes precisarão de credenciais assinadas criptograficamente para transacionar — conectando o agente ao seu principal, suas restrições e responsabilidades. Até que isso exista, comerciantes continuarão bloqueando agentes nos firewalls. O setor que construiu a infraestrutura de KYC ao longo de décadas agora tem apenas meses para criar o KYA.
~Sean Neville, cofundador da Circle e arquiteto do USDC; CEO da Catena Labs
Como economista matemático, era difícil fazer modelos de IA de consumo entenderem meu processo de trabalho em janeiro; mas, em novembro, já podia dar instruções abstratas aos modelos como faria a um doutorando… E eles às vezes retornam respostas novas e corretas. Além da minha experiência, vemos IAs sendo usadas para pesquisa de forma mais ampla — especialmente em domínios de raciocínio, onde modelos agora auxiliam diretamente na descoberta e resolvem autonomamente problemas Putnam (talvez o exame universitário de matemática mais difícil do mundo).
Ainda é uma questão em aberto quais áreas esse tipo de assistência vai beneficiar mais, e como. Mas espero que a pesquisa com IA viabilize e recompense um novo estilo de pesquisa polímata: aquele que favorece a habilidade de conjecturar relações entre ideias e extrapolar rapidamente a partir de respostas ainda mais conjecturais. Essas respostas podem não ser precisas, mas podem indicar o caminho certo (ao menos sob determinada topologia). Ironicamente, é como aproveitar o poder das “alucinações” dos modelos: quando ficam “inteligentes” o bastante, dar espaço abstrato para explorar pode gerar nonsense — mas às vezes desbloqueia descobertas, como ocorre com pessoas em momentos criativos fora do raciocínio linear.
Raciocinar desse modo exigirá um novo workflow de IA — não apenas agente para agente, mas mais agente-encapsulando-agente — onde camadas de modelos ajudam o pesquisador a avaliar abordagens anteriores e sintetizar sucessivamente o que é relevante. Tenho usado esse método para escrever artigos, enquanto outros realizam buscas de patentes, inventam novas formas de arte ou (infelizmente) encontram novos ataques a smart contracts.
Porém, operar conjuntos de agentes de raciocínio encapsulados para pesquisa exigirá melhor interoperabilidade entre modelos, além de uma forma de reconhecer e compensar adequadamente cada contribuição — desafios que o cripto pode ajudar a resolver.
~Scott Kominers, equipe de pesquisa da a16z crypto e professor, Harvard Business School
A ascensão dos agentes de IA está impondo um “imposto invisível” à web aberta, mudando fundamentalmente sua base econômica. Esse impacto decorre do crescente desalinhamento entre as camadas de Contexto e Execução da internet: hoje, agentes de IA extraem dados de sites financiados por anúncios (Camada de Contexto), oferecendo conveniência ao usuário enquanto ignoram as fontes de receita (como publicidade e assinaturas) que sustentam o conteúdo.
Para evitar a erosão da web aberta (e preservar o conteúdo diverso que alimenta a própria IA), precisamos da adoção massiva de soluções técnicas e econômicas. Isso pode incluir modelos como conteúdo patrocinado de nova geração, sistemas de microatribuição ou outros formatos inovadores de financiamento. Os acordos de licenciamento de IA atuais têm se mostrado paliativos insustentáveis, frequentemente compensando provedores de conteúdo com uma fração do que já perderam para o tráfego canibalizado pela IA.
A web precisa de um novo modelo tecnoeconômico, onde o valor flua automaticamente. A transição-chave para o próximo ano será migrar do licenciamento estático para a compensação em tempo real baseada no uso. Isso significa testar e escalar sistemas — potencialmente utilizando nanopagamentos via blockchain e padrões avançados de atribuição — para recompensar automaticamente cada entidade que contribua para o sucesso de uma tarefa executada por agente.
~Liz Harkavy, equipe de investimentos da a16z crypto
Privacidade é o recurso crítico para que as finanças globais migrem para o onchain. É também o recurso que quase todas as blockchains existentes hoje não possuem. Para a maioria das chains, privacidade foi preocupação secundária.
Agora, privacidade por si só já é suficiente para diferenciar uma chain das demais. E vai além: ela cria lock-in de usuários; um efeito de rede de privacidade. Especialmente em um mundo onde competir em performance não basta.
Graças aos protocolos de bridge, é fácil migrar de uma chain para outra enquanto tudo é público. Mas, ao tornar as coisas privadas, isso deixa de ser verdade: bridging de tokens é simples, bridging de segredos é difícil. Sempre há risco ao cruzar de uma zona privada para uma pública que observadores da chain, mempool ou tráfego de rede possam identificar quem você é. Cruzar a fronteira entre uma chain privada e uma pública — ou mesmo entre duas privadas — vaza metadados como tempo e tamanho das transações, facilitando rastreamento.
Comparado às inúmeras novas chains indiferenciadas, onde as taxas tendem a zero pela concorrência (blockspace virou commodity), blockchains com privacidade podem gerar efeitos de rede muito mais fortes network effects. Se uma chain “generalista” não tem ecossistema vibrante, killer app ou vantagem de distribuição, há pouca razão para alguém usar ou construir nela — muito menos ser leal.
Em blockchains públicas, é fácil transacionar entre chains — não importa qual você escolha. Em blockchains privadas, por outro lado, a escolha importa muito mais, pois, ao entrar, o usuário tende a permanecer e evitar exposição. Isso cria uma dinâmica de “winner take most”. E como privacidade é essencial para a maioria dos casos reais, poucas chains privadas podem dominar o cripto.
~Ali Yahya, sócio geral da a16z crypto
À medida que o mundo se prepara para computação quântica, muitos apps de mensageria baseados em criptografia (Apple, Signal, WhatsApp) lideraram o avanço, todos fazendo um ótimo trabalho. O problema é que todo mensageiro relevante depende da confiança em um servidor privado gerido por uma organização. Esses servidores são alvo fácil para governos fecharem, inserirem backdoors ou coagir para obter dados privados.
De que vale criptografia quântica se um país pode desligar os servidores; se uma empresa tem a chave do servidor; ou se há um servidor privado? Servidores privados demandam “confie em mim” — mas sem servidor privado é “você não precisa confiar em mim”. Comunicação não precisa de uma empresa intermediária. Mensageria precisa de protocolos abertos, onde não há necessidade de confiar em ninguém.
A solução é descentralizar a rede: sem servidores privados, sem app único, código aberto, criptografia de ponta — inclusive contra ameaças quânticas. Com rede aberta, não há pessoa, empresa, ONG ou país capaz de tirar nosso direito de comunicar. Mesmo se um país ou empresa desligar um app, 500 novas versões surgem no dia seguinte. Se um nó cai, há incentivo econômico (graças ao blockchain e outros) para outro surgir imediatamente.
Quando as pessoas possuem suas mensagens como possuem seu dinheiro — via chave — tudo muda. Apps podem ir e vir, mas o usuário sempre mantém controle das mensagens e identidade; o usuário final passa a ser dono das mensagens, mesmo sem ser dono do app.
Isso é mais que resistência quântica e criptografia; é propriedade e descentralização. Sem ambos, só estamos criando criptografia inquebrável que ainda pode ser desligada.
~Shane Mac, cofundador e CEO, XMTP Labs
Por trás de cada modelo, agente e automação existe uma dependência simples: dados. Mas a maioria dos pipelines de dados hoje — o que entra ou sai do modelo — é opaca, mutável e não auditável. Isso é aceitável para alguns apps de consumo, mas muitos setores e usuários (como finanças e saúde) exigem que empresas mantenham dados sensíveis privados. Também é um grande entrave para instituições que desejam tokenizar ativos do mundo real agora.
Como preservar privacidade permitindo inovação segura, compliance, autonomia e interoperabilidade global? Há várias abordagens, mas foco nos controles de acesso aos dados: quem controla dados sensíveis? Como eles circulam? Quem (ou o quê) pode acessá-los?
Sem controles de acesso, quem quer confidencialidade hoje precisa recorrer a serviços centralizados ou montar soluções customizadas — o que é caro, demorado e bloqueia instituições financeiras tradicionais e outros de explorar totalmente os benefícios da gestão de dados onchain. E à medida que sistemas agentic começam a navegar, transacionar e decidir de forma autônoma, usuários e instituições de vários setores precisam de garantias criptográficas, não apenas “melhor esforço de confiança”.
Por isso, acredito que precisamos de secrets-as-a-service: novas tecnologias capazes de criar regras programáveis nativas de acesso a dados; criptografia client-side; e gestão descentralizada de chaves, controlando quem pode descriptografar o quê, sob quais condições e por quanto tempo — tudo isso garantido onchain. Combinados a sistemas de dados verificáveis, secrets podem virar parte da infraestrutura pública fundamental da internet — não um patch de aplicação onde privacidade é “colada” depois — tornando privacidade infraestrutura central.
~Adeniyi Abiodun, chief product officer e cofundador, Mysten Labs
Hacks recentes em DeFi atingiram protocolos já testados, com equipes fortes, auditorias diligentes e anos de produção. Esses incidentes ressaltam uma realidade desconfortável: a prática padrão de segurança ainda é majoritariamente heurística e caso a caso.
Para amadurecer, a segurança DeFi precisa migrar de padrões de bugs para propriedades de design, e de abordagens “best-effort” para “principiadas”:
Assim, em vez de presumir que todo bug foi pego, garantimos propriedades-chave de segurança no próprio código, revertendo automaticamente qualquer transação que as viole.
Isso não é só teoria. Na prática, quase todo exploit até hoje teria sido barrado por esses checks durante a execução, potencialmente interrompendo o hack. O conceito de “code is law” evolui para “spec is law”: mesmo um ataque novo precisa satisfazer as mesmas propriedades de segurança que mantêm o sistema íntegro, restando apenas ataques mínimos ou extremamente difíceis de executar.
~Daejun Park, equipe de engenharia da a16z crypto
Mercados de previsão já viraram mainstream, e no próximo ano, tendem a ficar ainda maiores, mais amplos e inteligentes à medida que se cruzam com cripto e IA — trazendo também novos desafios importantes para os builders.
Primeiro, muitos mais contratos serão listados. Isso significa que poderemos acessar odds em tempo real não só para grandes eleições ou eventos geopolíticos, mas para todo tipo de resultado complexo e interligado. À medida que esses contratos trazem mais informação e entram no ecossistema de notícias (já acontecendo), surgem questões sociais relevantes sobre como equilibrar o valor dessas informações e como desenhá-los para serem mais transparentes, auditáveis e afins — o que é possível com cripto.
Para lidar com o volume muito maior de contratos, precisaremos de novas formas de alinhar a verdade para resolver os contratos. A resolução por plataforma centralizada (um evento realmente aconteceu? como confirmar?) é importante, mas casos disputados como o mercado da roupa de Zelensky e o mercado eleitoral venezuelano mostram os limites. Para endereçar esses casos extremos e escalar os mercados de previsão para aplicações mais úteis, novas formas de governança descentralizada e oráculos LLM podem ajudar a determinar a verdade em resultados contestados.
A IA abre ainda mais possibilidades além dos LLMs para oráculos. Por exemplo, agentes de IA negociando nessas plataformas podem vasculhar o mundo por sinais que tragam vantagem de curto prazo, revelando novas formas de pensar e prever o futuro. (Projetos como Prophet Arena já sinalizam entusiasmo nesse espaço.) Além de atuarem como analistas políticos sofisticados para consulta, esses agentes podem revelar novos fatores raiz em eventos sociais complexos ao examinarmos suas estratégias emergentes.
Mercados de previsão não substituem pesquisas; eles aprimoram a pesquisa (que pode alimentar os mercados). Como cientista político, vejo grande potencial nos mercados de previsão em sinergia com um ecossistema de pesquisas vibrante — mas precisaremos de novas tecnologias como IA, que podem aprimorar a experiência de coleta; e cripto, que pode prover formas de provar que respondentes de pesquisas não são bots, entre outras vantagens.
~Andy Hall, consultor de pesquisa da a16z crypto e professor de economia política, Stanford University
As fissuras no modelo tradicional de mídia — com sua suposta objetividade — já vêm aparecendo há algum tempo. A internet deu voz a todos, e mais operadores, praticantes e builders estão falando diretamente ao público. Suas perspectivas refletem seus interesses no mundo e, curiosamente, o público tende a respeitá-los não apesar desses interesses, mas por causa deles.
O novo não é a ascensão das redes sociais, mas a chegada de ferramentas criptográficas que permitem compromissos públicos verificáveis. À medida que a IA torna barato e fácil gerar conteúdo ilimitado — de qualquer ponto de vista ou persona, real ou fabricada — confiar apenas no que pessoas (ou bots) dizem parece insuficiente. Ativos tokenizados, lockups programáveis, mercados de previsão e históricos onchain oferecem bases mais sólidas para confiança: um comentarista pode publicar um argumento e provar que está apostando dinheiro naquilo. Um podcaster pode travar tokens para mostrar que não está flipando ou “pumpando e dumpando” oportunisticamente. Um analista pode vincular previsões a mercados que liquidam publicamente, criando histórico auditável.
Esse é o início do que chamo de “mídia staked”: uma espécie de mídia que não só assume ter skin in the game, mas fornece a prova. Nesse modelo, credibilidade não vem de simular distanciamento ou fazer alegações sem base; ela vem de ter stakes sobre os quais se pode fazer compromissos transparentes e verificáveis. Mídia staked não substitui outros formatos, mas complementa o que já existe. É um novo sinal: não só “confie em mim, sou neutro”, mas “veja o que estou disposto a arriscar — e como você pode checar se estou falando a verdade”.
~Robert Hackett, equipe editorial da a16z crypto
Por anos, SNARKs — provas criptográficas que permitem verificar computações sem reexecutá-las — foram tecnologia quase exclusiva das blockchains. O overhead era alto demais: provar uma computação podia exigir 1.000.000 vezes mais trabalho que apenas executá-la. Válido ao amortizar entre milhares de validadores, mas impraticável em outros contextos.
Isso está prestes a mudar. Em 2026, zkVM provers vão chegar a cerca de 10.000 vezes de overhead, com footprints de memória de centenas de megabytes — rápido o suficiente para rodar em celulares, barato o suficiente para rodar em qualquer lugar. Eis um motivo para 10.000x ser um número mágico: GPUs topo de linha têm ~10.000x mais throughput paralelo que um CPU de laptop. Até o fim de 2026, uma GPU será capaz de gerar provas de execução de CPU em tempo real.
Isso pode viabilizar uma visão de antigos papers: cloud computing verificável. Se você já roda workloads de CPU na nuvem — porque sua computação não é pesada para GPU, ou por falta de expertise, ou razões legadas — poderá obter provas criptográficas de correção por preço razoável. O prover já é otimizado para GPU; seu código não precisa ser.
~Justin Thaler, equipe de pesquisa da a16z crypto e professor associado de ciência da computação, Georgetown University
Parece que toda empresa cripto que vai bem hoje, exceto stablecoins e algumas infraestruturas centrais, pivota ou está pivotando para trading. Mas se “toda empresa cripto vira plataforma de trading”, onde isso nos deixa? Ter tantos players fazendo a mesma coisa canibaliza a atenção de muitos e deixa só alguns grandes vencedores. Isso significa que quem pivotou rápido demais para trading perdeu a chance de construir um negócio mais defensável e duradouro.
Tenho empatia pelos founders tentando equilibrar as finanças do negócio, mas perseguir a sensação imediata de aderência ao mercado também tem custos. Esse problema é especialmente relevante no cripto, onde dinâmicas únicas de tokens e especulação podem levar founders a buscar gratificação imediata na jornada de encontrar product-market fit.… É um verdadeiro “teste do marshmallow”.
Não há nada de errado com trading — é função essencial do mercado — mas não precisa ser o destino final. Os founders que focam no “produto” do product-market fit tendem a ser os grandes vencedores.
~Arianna Simpson, sócia geral da a16z crypto
Um dos maiores obstáculos para construir redes blockchain nos EUA na última década foi a insegurança jurídica. Leis de valores mobiliários foram esticadas e aplicadas seletivamente, forçando founders a adotar um arcabouço regulatório pensado para empresas, não para redes. Por anos, mitigar risco legal substituiu a estratégia de produto; engenheiros deram lugar a advogados.
Essa dinâmica gerou contorções estranhas: founders orientados a evitar transparência, distribuições de tokens legalmente arbitrárias, governança teatral, estruturas organizacionais otimizadas para proteção legal e tokens desenhados para não ter valor econômico ou modelo de negócio. Pior, projetos cripto que ignoraram regras muitas vezes superaram os builders de boa-fé.
Mas a regulação da estrutura de mercado cripto — que o governo está mais perto de aprovar do que nunca — pode eliminar todas essas distorções no próximo ano. Se aprovada, a legislação incentivará transparência, criará padrões claros e substituirá a “roleta regulatória” por caminhos estruturados para captação, lançamento de tokens e descentralização. Depois do GENIUS, a proliferação de stablecoins explodiu; legislação sobre estrutura de mercado cripto seria mudança ainda mais significativa — desta vez para as redes.
Ou seja, tal regulação permitiria que redes blockchain operassem como redes — abertas, autônomas, composáveis, credivelmente neutras e descentralizadas.
~Miles Jennings, equipe de políticas da a16z crypto e general counsel
*
editora: Sonal Chokshi
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