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Os dados de inflação dos EUA mudaram de direção de forma inesperada. O índice de preços PCE subjacente de setembro, divulgado pelo Departamento do Comércio na passada sexta-feira, manteve-se em 0,2% em termos mensais, mas caiu inesperadamente para 2,8% em termos anuais — o valor mais baixo dos últimos três meses, quando o mercado esperava que se mantivesse nos 2,9%.

Este relatório, adiado várias semanas devido ao shutdown do governo, revela-se agora bastante relevante. O PCE subjacente é o indicador de inflação mais acompanhado pela Reserva Federal, pois exclui as flutuações de curto prazo dos preços dos alimentos e da energia, refletindo de forma mais precisa a essência da evolução dos preços. A descida dos dados abre espaço para ajustes na política monetária.

Curiosamente, o shutdown do governo criou confusão na divulgação dos dados seguintes, e o Bureau de Análise Económica nem sequer indicou uma data específica para o próximo PCE. Mas este relatório revela um sinal-chave: já antes do início do mais longo shutdown da história, a 1 de outubro, os consumidores estavam a apertar o cinto. O crescimento do consumo foi sustentado sobretudo pelos grupos de rendimentos mais elevados; embora as vendas da Black Friday tenham sido relativamente estáveis, o sentimento geral permanece cauteloso.

A viragem ocorreu no início de dezembro. O índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan recuperou pela primeira vez em cinco meses, devido à melhoria das expectativas de inflação e ao alívio das preocupações dos residentes quanto ao poder de compra. Será este o início de uma auto-recuperação da economia? Irá a Reserva Federal antecipar o corte de taxas de juro devido a isto?

Para o mercado cripto, a expectativa de cortes nas taxas de juro costuma traduzir-se em melhor liquidez. Vale a pena acompanhar de perto o ritmo de divulgação dos próximos dados e os sinais de política nas próximas semanas.