Quando Washington diz a Nova Deli para deixar de comprar crude russo, talvez alguém devesse primeiro verificar o que alimenta os reatores americanos.

A resposta? Urânio russo.

A contradição não passa despercebida em Moscovo. Enquanto pressiona publicamente a Índia sobre a compra de petróleo, os EUA mantêm discretamente a sua própria cadeia de abastecimento de combustível nuclear com a Rússia. A ironia escreve-se praticamente sozinha—o que para um país é uma necessidade estratégica, para outro é uma violação diplomática.

Isto não se resume apenas a acordos energéticos. É uma janela para a forma como as grandes potências navegam a distância entre a política oficial e a realidade operacional. As regras tornam-se flexíveis quando estão em causa interesses nacionais. A segurança energética fala, ao que parece, mais alto do que a retórica das sanções.

A verdadeira questão não é se os países vão ou não perseguir os seus interesses estratégicos. Sempre o fazem. É se continuaremos todos a fingir que as regras se aplicam de forma igual a todos.